O médico gaúcho Alberto Kaemmerer prestou depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) referente a máfia das órteses e próteses, denunciada no programa Fantástico da rede Globo no começo desse ano, e afirmou que uma linha de investigação aponta para o envolvimento de pacientes no caso.
De acordo com ele, um grupo formado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, pelo tribunal de contas da união e outras instituições, está reunindo provas de que alguns pacientes fizeram acordos para marcar cirurgias sem precisar passar pelo procedimento.
Kaemmer declarou ainda que houve uma diminuição significativa no número de cirurgias com órteses e próteses realizadas no Rio Grande do Sul desde que a denúncia foi feita, são 43% menos procedimentos.
Além do médico, a CPI também ouviu o diretor do hospital Mãe de Deus de Porto Alegre, Alceu Alves da Silva que relatou a respeito da criação de um comitê de órteses e próteses na instituição após as denúncias do começo do ano. De acordo com ele, alguns médicos se rebelaram a respeito da interferência do colegiado. Depois da criação do grupo houve uma redução de 35% nas cirurgias de órteses.
Além dessa medida, o hospital de Porto Alegre também deixou de adquirir próteses e passou a competência para a Unimed.
Para o relator da CPI, o deputado André Fufuca (PEN-MA) os depoimentos de Kaemmer e Silva reforçam a ideia de que comissões técnicas formadas por médicos podem auxiliar os magistrados a identificar pedidos de cirurgias sem a real necessidade.
Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TUC) revelou que o orçamento total dos Hospitais Federais saltou de 690 milhões em 2011, para 900 milhões em 2015. Para o deputado Dr. João (PR – RJ) que participa da CPI, esse aumento é explicado pelo uso indevido de recursos públicos na compra dos materiais utilizados nas cirurgias, que em muitos casos não passam por auditoria.
Entenda o caso
No começo de Fevereiro o médico Aberto Kaemmer, que dirigiu o hospital Mãe de Deus de Porto Alegre por 14 anos, denunciou ao programa Fantástico um esquema de cirurgias desnecessárias envolvendo cinco estados.
A Máfia das próteses e órteses, como foi nomeada, é um esquema em que os médicos solicitam cirurgias e implantes de próteses muitas vezes sem necessidade. A ação fazia com que os profissionais recebessem de 15% a 50% do valor dos produtos.
Veja os desdobramentos do caso aqui.